O Banco Central (BC) divulgou nesta quinta-feira (2) que as contas externas do Brasil registraram um saldo negativo de US$ 4,579 bilhões em março de 2024, pior resultado desde 2021. Esse resultado contrasta com o superávit de US$ 698 milhões observado no mesmo período do ano anterior, evidenciando uma deterioração significativa nas transações correntes do país.
A queda no superávit comercial foi apontada como um dos principais impulsionadores desse cenário desfavorável, com uma redução de US$ 4,2 bilhões nas exportações. Esse declínio foi atribuído principalmente à diminuição nos preços internacionais das commodities, incluindo soja e petróleo, importantes produtos exportados pelo Brasil.
Além disso, contribuíram para o resultado negativo nas transações correntes os déficits em serviços e renda primária, que aumentaram em US$ 660 milhões e US$ 378 milhões, respectivamente. O déficit em serviços, que engloba áreas como viagens internacionais, transporte e aluguel de equipamentos, cresceu 21,4% em relação ao mesmo período do ano anterior, atingindo US$ 3,742 bilhões.
Em termos acumulados, o déficit em transações correntes nos 12 meses encerrados em março de 2024 totalizou US$ 32,606 bilhões, representando 1,46% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa cifra é superior ao saldo negativo registrado no mesmo período do ano anterior, que foi de US$ 27,330 bilhões (1,23% do PIB).
Apesar desses desafios, Fernando Rocha, chefe do Departamento de Estatísticas do BC, ressaltou que as transações correntes apresentam um cenário robusto, com uma tendência de redução nos déficits em 12 meses, especialmente devido aos resultados positivos da balança comercial.
O BC também reportou que os investimentos diretos no país (IDP) superaram as expectativas em março, totalizando US$ 9,591 bilhões. Esse valor representa um aumento de 30,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e é o maior registrado para o mês desde 2012, quando alcançou US$ 15 bilhões.
Para compensar o saldo negativo nas contas externas, o país precisa recorrer a investimentos ou empréstimos no exterior. O IDP é considerado a forma mais favorável de financiamento, uma vez que os recursos são direcionados para o setor produtivo e geralmente representam investimentos de longo prazo. A previsão do BC é que os investimentos diretos no país atinjam US$ 70 bilhões em 2024, conforme indicado no último Relatório de Inflação divulgado no final de março.
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